FAQ
Na presença de doença renal crónica, os rins deixam de exercer as suas funções, com acumulação de substâncias tóxicas que, em condições normais, seriam excretadas na urina.
Neste contexto, a hemodiálise surge como uma opção de tratamento de substituição da função renal que permite remover as toxinas e o excesso de água no organismo.
Para tal, o sangue é conduzido através de um circuito cujo elemento principal é um dispositivo designado dialisador, composto por uma membrana artificial, comummente conhecido por rim artificial, que procede a essa depuração, permitindo assegurar a vida e controle dos sintomas da doença.
As sessões de hemodiálise têm duração de 4 horas e são realizadas 3 vezes por semana.
O doente pode realizar tratamento nos dias pares (segunda, quarta e sexta) ou nos dias ímpares (terça, quinta e sábado), sendo possível optar por um dos três turnos durante o dia (manhã, tarde ou noite), consoante disponibilidade do centro de diálise.
Existe, ainda, a modalidade de hemodiálise noturna em que as sessões têm uma duração mais prolongada (6 horas), sendo realizada durante período noturno, com vantagens em termos de eficácia de tratamento, controle das manifestações da doença renal crónica, melhoria da qualidade de vida e diminuição da taxa de hospitalização.
Os principais efeitos colaterais que podem surgir, durante ou após, a hemodiálise são:
. Diminuição da pressão arterial (hipotensão arterial): 25 a 55 % dos casos
. Caimbras – 5 a 20% dos casos
. Náuseas e vómitos – 5 a 15% dos casos
. Cefaleias (dor de cabeça) – 5% dos casos
. Dor no peito e/ou na região dorsal – 2 a 5% dos casos
. Prurido (comichão) – 5 %
A hipotensão arterial é, habitualmente, a complicação aguda mais frequente na hemodiálise, sendo o risco mais elevado nos doentes com ganhos de peso muito elevados (por ingestão alimentar e hídrica) entre as sessões de hemodiálise.
À medida o doente se adapta ao tratamento, a maioria dos sintomas descritos tende a desaparecer ou a ser controlados com a medicação.
No caso de diagnóstico de uma doença renal crónica avançada, a perda de função renal é irreversível. O tratamento de hemodiálise garante a sobrevivência do doente e não poderá ser interrompido, a não ser que o doente seja transferido para diálise peritoneal ou receba um transplante renal.
Em determinadas situações com doença renal aguda, os rins deixam de funcionar de uma forma súbita mas autolimitada, podendo recuperar função posteriormente. Nestas situações específicas, o seu médico Nefrologista estará atento à eventual recuperação da função renal, avaliando a possibilidade de suspensão de hemodiálise.
No caso de doença renal crónica terminal, o tratamento de hemodiálise é a única forma de garantir a sobrevivência do doente pelo que será para toda a vida, a não ser que o doente seja transferido para outra modalidade de diálise (diálise peritoneal) ou receba um transplante renal.
Não, quem faz hemodiálise não pode, nem deve tomar qualquer medicação ou suplemento natural, sem indicação do seu nefrologista.
Sim. O regresso ao trabalho deverá ser incentivado, após uma avaliação individual, tendo em conta a situação clínica do doente e o tipo de trabalho em questão. O horário das sessões de hemodiálise será adaptado, sempre que possível, ao horário laboral.
Os utentes em programa regular de hemodiálise não conseguem remover o excesso de líquidos que se acumula no organismo. Uma acumulação excessiva de líquidos origina hipertensão arterial, edemas (inchaço) e excesso de líquido nos pulmões, tornando a sessão de tratamento mais desconfortável.
A restrição de líquidos varia de acordo com o utente e as suas particularidades (como o ganho de peso entre os tratamentos, a quantidade de urina e os edemas que apresenta).
Caso o doente urine normalmente ou em quantidade próxima ao habitual, pode ter mais liberdade na ingestão de líquidos. Contudo, na maioria dos casos, os pacientes vão perdendo progressivamente a diurese residual, ou seja, não urinam. Nesse caso, estima-se que a quantidade de líquidos a ingerir seja de 500 ml + débito urinário das 24h.
Atenção: para além da água, todo o tipo de bebidas, as sopas e os alimentos que são líquidos à temperatura ambiente ou ricos em água devem ser contabilizados.
Um utente em programa regular de hemodiálise apresenta necessidades nutricionais específicas, tanto em macronutrientes (hidratos de carbono, gorduras/lípidos e proteínas) como em micronutrientes (vitaminas e minerais). A ingestão diária adequada de calorias e proteínas é importante para manter um bom estado nutricional e, consequentemente, para melhorar a saúde e a qualidade de vida dos utentes. As carnes, os peixes, os ovos e os produtos lácteos (em pequenas quantidades, devido ao seu teor em fósforo), são alimentos ricos em proteína de alto valor biológico que devem fazer parte do dia alimentar na quantidade adequada.
Em relação aos micronutrientes, existem dois minerais (fósforo e potássio) com funções essenciais no nosso organismo. Em condições normais, os rins permitem o controlo dos seus níveis sanguíneos. Contudo, no doente em hemodiálise, esse controlo está comprometido, exigindo, por isso, especial atenção.
Todos os doentes devem ter um plano alimentar individualizado, ajustado às suas necessidades nutricionais e situação clínica.
O potássio é um mineral existente em vários alimentos e que desempenha funções muito importantes no organismo como a manutenção do pH e equilíbrio hidro-electrolítico e regulação das contrações musculares, incluindo as contrações cardíacas.
Concentrações elevadas deste mineral (hipercaliémia), podem ser perigosas para o doente, podendo provocar fraqueza muscular bem como problemas cardíacos graves (alteração do ritmo cardíaco, palpitações e até mesmo paragem cardíaca).
Os alimentos com maior teor de potássio são:
batata; fruta; legumes; leguminosas; frutos secos e oleaginosos.
Além de evitar alimentos ricos em potássio, devem ser praticadas algumas estratégias de redução do teor de potássio nos alimentos (desmineralização):
Descascar e cortar os alimentos (sobretudo batatas e legumes) em pedaços pequenos e deixar de molho durante algumas horas, mudando regularmente a água;
Ferver os alimentos em duas águas distintas com rejeição da primeira água de cozedura passados 10 minutos.